Do Quórum dos Doze Apóstolos
Nós, adultos mais velhos, incluindo pais, líderes da Igreja, professores e amigos, com frequência os aconselhamos a planejar para o futuro. Incentivamos vocês a estudar e a adquirir instrução profissional como preparação para a vida nos anos vindouros. Nós os instamos a estabelecer um alicerce para o casamento e a família, e a colocar em prática esses planos. Acautelamos vocês a pensar nas possíveis consequências futuras ao tomarem decisões sobre o que fazer hoje (por exemplo, o que colocam na Internet). Aconselhamos vocês a pensar em como conseguir sucesso na vida e depois a estabelecer padrões e práticas que os levarão a esse sucesso.
Tudo isso expressa um curso sábio e prudente na vida, e no que vou dizer-lhes hoje, não menosprezo de modo algum a importância de se pensar e planejar com antecedência. A preparação e o planejamento ponderados são o ponto-chave para um futuro recompensador, porém não vivemos no futuro, mas, sim, no presente. É no dia a dia que executamos nossos planos para o futuro, é no dia a dia que atingimos nossas metas. É no dia após dia que criamos e educamos nossa família. É no dia após dia que vencemos as imperfeições. Perseveramos com fé até o fim, um dia por vez. É o acúmulo de muitos dias bem vividos que totaliza uma vida plena e uma pessoa piedosa. Portanto, gostaria de falar-lhes sobre como viver bem dia após dia.
Rogar a Deus o que É Necessário a Cada Dia
Lemos em Lucas que um dos discípulos pediu a Jesus: “Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos” (Lucas 11:1). Jesus deu-lhes então um padrão de oração que ficou conhecido como o Pai Nosso. O mesmo está registrado em Mateus como parte do Sermão da Montanha (ver Mateus 6:9–13).
No Pai Nosso está incluído o pedido: “O pão nosso de cada dia nos dá hoje” (Mateus 6:11), ou em Lucas: “Dá-nos cada dia o nosso pão cotidiano” (Lucas 11:3). Creio que todos prontamente reconhecemos que a cada dia temos necessidades com as quais desejamos que o Pai Celestial nos ajude a lidar. Para alguns, em certos dias, trata-se literalmente do pão, ou seja, do alimento necessário para o sustento naquele dia. Pode também ser a força espiritual e física para lidar com mais um dia de enfermidade crônica ou com uma reabilitação dolorosamente lenta. Em outros casos, podem ser necessidades menos tangíveis, tais como coisas relacionadas às obrigações pessoais ou às atividades cotidianas, dar uma aula ou fazer um exame, por exemplo.
Jesus ensina a nós, Seus discípulos, que devemos buscar em Deus a cada dia o pão — a ajuda e o sustento — de que precisamos naquele dia específico. Isso é condizente com o conselho de “orar sempre e não desfalecer; e nada deveis fazer para o Senhor sem antes orar ao Pai, em nome de Cristo, para que ele consagre para vós a vossa ação, a fim de que a vossa ação seja para o bem-estar de vossa alma” (2 Néfi 32:9).
O convite do Senhor de que busquemos nosso pão de cada dia das mãos de nosso Pai Celestial fala de um Deus amoroso, ciente até das pequenas necessidades diárias de Seus filhos, e ansioso para ajudá-los, um por um. Ele diz que podemos pedir com fé àquele Ser “que a todos dá liberalmente, e o não lança em rosto” (Tiago 1:5). Isso é, sem dúvida, tremendamente tranquilizador, mas há algo em ação aqui que é bem mais significativo do que apenas a ajuda para a sobrevivência diária. Ao buscarmos e recebermos o pão divino diariamente, nossa fé e confiança em Deus e em Seu Divino Filho cresce.
Nutrimos a Fé Rogando a Deus Diariamente Nossas Necessidades
Vocês devem lembrar-se do grande êxodo das tribos de Israel do Egito e dos 40 anos no deserto antes de entrarem na terra prometida. Aquela imensa multidão de mais de um milhão de pessoas tinha de ser alimentada. Sem dúvida aquele grande número de pessoas em um só lugar não poderia subsistir da caça, e seu estilo de vida seminômade na época não era condizente com a lavoura e a pecuária, em qualquer quantidade significativa. Jeová solucionou esse problema provendo milagrosamente o pão de cada dia do céu: o maná. Aquela pequena substância comestível que aparecia no chão a cada manhã era algo novo e desconhecido. O nome maná, na verdade, deriva de palavras que significam: “O que é isso?” Por intermédio de Moisés, o Senhor instruiu o povo a coletar a cada dia o suficiente para o dia, exceto na véspera do sábado, quando deviam coletar o suficiente para dois dias.
A princípio, apesar das instruções específicas de Moisés, eles tentaram coletar mais do que o suficiente para um dia, e guardar o excedente:
“E disse-lhes Moisés: Ninguém deixe dele para amanhã.
Eles, porém, não deram ouvidos a Moisés, antes alguns deles deixaram dele para o dia seguinte; e criou bichos, e cheirava mal” (Êxodo 16:19–20).
Conforme prometido, porém, quando coletaram o dobro da quantidade diária normal de maná no sexto dia, ele não estragou:
“E guardaram-no até o dia seguinte, como Moisés tinha ordenado; e não cheirou mal nem nele houve algum bicho.
Então disse Moisés: Comei-o hoje, porquanto hoje é o sábado do Senhor; hoje não o achareis no campo.
Seis dias o colhereis, mas o sétimo dia é o sábado; nele não haverá” (Êxodo 16:24–26).
Novamente, porém, alguns não acreditaram sem ver, e tentaram coletar maná no sábado.
“Então disse o Senhor a Moisés: Até quando recusareis guardar os meus mandamentos e as minhas leis?
Vede, porquanto o Senhor vos deu o sábado, portanto ele no sexto dia vos dá pão para dois dias; cada um fique no seu lugar, ninguém saia do seu lugar no sétimo dia” (Êxodo 16:28–29).
Parece que até na antiguidade, tal como hoje, havia algumas pessoas que não conseguiam deixar de fazer compras no Dia do Senhor.
Provendo o sustento diário, um dia por vez, Jeová estava tentando ensinar fé a uma nação que ao longo de um período de 400 anos tinha perdido grande parte da fé que seus pais tinham. Ele os estava ensinando a confiar Nele, a buscá-Lo em cada pensamento; a não duvidar, e não temer (ver D&C 6:36). Estava lhes provendo o suficiente para um dia a cada vez. Exceto no sexto dia, eles não podiam armazenar o maná para usá-lo no dia seguinte. Basicamente, os filhos de Israel tinham que andar com Ele naquele dia e confiar que Ele lhes daria uma quantidade suficiente de alimento para outro dia, no dia seguinte, e assim por diante. Desse modo, Ele nunca estava muito longe do pensamento e do coração deles.
Devemos notar, a propósito, que aqueles 40 anos de maná não eram para se tornar um auxílio-desemprego. Assim que as tribos de Israel se tornaram capazes de sustentar-se, foi-lhes exigido que o fizessem. Depois de cruzarem o Rio Jordão e de estarem preparados para iniciar a conquista de Canaã, começando por Jericó, as escrituras registram que “depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do fruto da terra [ou seja, a colheita do ano anterior]. (…)
E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do fruto da terra, e os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano comeram dos frutos da terra de Canaã” (Josué 5:11–12).
Da mesma forma, quando rogamos a Deus nosso pão de cada dia — pedindo ajuda no momento em que não podemos provê-lo — ainda assim precisamos fazer e prover ativamente o que estiver ao nosso alcance.
Confiar no Senhor — As Soluções Podem Vir Depois de um Tempo
Antes de eu ser chamado como Autoridade Geral, tive problemas financeiros por vários anos. Isso não aconteceu devido às más ações ou à má vontade de ninguém, mas foi apenas uma daquelas coisas que às vezes acontecem em nossa vida. Tornavam-se ora mais ora menos sérios e urgentes, mas nunca sumiram completamente. Às vezes, esse desafio ameaçava o bem-estar da minha família, e achei que poderíamos ficar financeiramente arruinados. Orei para que alguma intervenção milagrosa nos salvasse. Embora eu tivesse orado muitas vezes com grande sinceridade e anseio, a resposta no final era: “Não”. Por fim, aprendi a orar como fez o Salvador: “Todavia não se faça a minha vontade, mas a tua” (Lucas 22:42). Busquei a ajuda do Senhor a cada pequeno passo ao longo do caminho até a solução final.
Houve momentos em que exauri todos os meus recursos, em que não tinha para onde ir nem a quem recorrer, em que simplesmente não havia outro ser humano que pudesse me ajudar. Sem ter outro recurso, mais de uma vez caí de joelhos diante do Pai Celestial, implorando com lágrimas a Sua ajuda. E Ele me ajudou. Às vezes não passava de um sentimento de paz, um sentimento de certeza de que as coisas dariam certo. Podia ser que eu não visse como ou qual seria a saída, mas Ele me fez saber, direta ou indiretamente, que abriria um caminho. A situação mudava, uma ideia nova e útil me vinha à mente, uma renda inesperada ou outro recurso aparecia bem no momento certo. De alguma forma, havia uma solução.
Embora eu tenha sofrido, quando me recordo, sinto-me grato por não ter havido uma solução rápida para meu problema. O fato de eu ter sido obrigado a voltar-me a Deus para pedir ajuda quase diariamente durante um longo período de anos ensinou-me realmente a orar e a ouvir a resposta de minhas orações, e ensinou-me de modo bem prático a ter fé em Deus. Aprendi a conhecer meu Salvador e meu Pai Celestial de um modo e em um nível que talvez nunca teria acontecido de outra forma ou que teria levado bem mais tempo para alcançar. Aprendi que o pão de cada dia é um bem precioso. Aprendi que o maná de hoje pode ser tão real quanto o maná tangível da história bíblica. Aprendi a confiar no Senhor de todo o coração. Aprendi a andar com Ele dia a dia.
Trabalhar com um Problema em Porções Pequenas e Diárias
O fato de pedirmos a Deus nosso pão de cada dia, em vez de nosso pão semanal, mensal ou anual, também é um meio de enfocar as porções menores e mais administráveis de um problema. Quando lidamos com algo muito grande, pode ser que tenhamos de trabalhar nele em porções pequenas e diárias. Às vezes tudo o que podemos fazer é lidar com um dia (ou mesmo só uma parte de um dia) por vez. Deixem-me dar-lhes um exemplo que não está nas escrituras.
Li recentemente um livro intitulado O Único Sobrevivente, que conta a trágica história de uma equipe de quatro integrantes da força de operações especiais da marinha dos Estados Unidos, em missão secreta numa área isolada do Afeganistão, há cinco anos e meio. Quando foram inesperadamente descobertos por pastores — dois homens e um menino — aqueles soldados especialmente treinados tiveram que decidir entre matá-los ou deixá-los ir, sabendo que se vivessem, revelariam a localização da equipe, e que eles seriam imediatamente atacados pelas forças da al Qaeda e do Talibã. Mesmo assim, deixaram os pastores inocentes ir, e na luta armada que se seguiu, somente o autor, Marcus Luttrell, sobreviveu ao ataque de mais de 100 soldados inimigos.
No livro, Luttrell conta o treinamento exaustivo e a resistência exigidos para integrar as forças especiais da marinha americana. No grupo de treinamento de Luttrell, por exemplo, dos 164 que começaram, somente 32 conseguiram concluir o curso. Suportaram semanas de constante esforço físico, dentro e fora das águas geladas do mar, nadando, remando e carregando botes infláveis, correndo pela areia, fazendo centenas de flexões, carregando toras por uma pista de obstáculos e assim por diante. Estavam em um estado quase perpétuo de exaustão.
Fiquei impressionado com algo que um oficial mais graduado disse ao grupo, quando começaram a fase final e mais desgastante do treinamento.
“Primeiro de tudo”, disse ele, “não quero que cedam à pressão do momento. Sempre que estiverem muito doloridos, aguentem firme. Terminem o dia. Depois, se ainda se sentirem mal, pensem muito bem antes de decidirem desistir. Em segundo lugar, vivam um dia por vez. Uma [fase] por vez.
Não deixem que seus pensamentos os façam desistir, não comecem a pensar em desertar por se preocuparem com o futuro e com quanto irão suportar. Não olhem para além da dor. Simplesmente terminem o dia, e terão uma carreira maravilhosa diante de vocês.”
Geralmente é bom tentar antecipar o que está por vir e preparar-se para lidar com isso. Às vezes, porém, o conselho daquele capitão é muito sábio: “Vivam um dia por vez. (…) Não olhem para além da dor. Simplesmente terminem o dia”. A preocupação com o que há de vir ou de acontecer pode debilitar-nos. Pode paralisar-nos e fazer-nos desistir.
Na década de 1950, minha mãe sobreviveu a uma cirurgia radical de câncer, mas por mais difícil que tenha sido, depois disso vieram dezenas de sessões de radioterapia no que hoje seriam consideradas condições médicas muito primitivas. Ela conta que sua mãe lhe ensinou algo naquela época que a ajudou muito a partir dali: “Eu estava tão fraca e doente, que disse a ela um dia: ‘Oh, mãe, não vou suportar mais dezesseis sessões assim’. Ela perguntou: ‘Consegue aguentar a de hoje?’ ‘Sim.’ ‘Bem, querida, isso é tudo o que você tem que fazer hoje.’ Algo que me ajudou em muitas ocasiões foi lembrar de viver um dia ou uma coisa por vez”.
O Espírito pode mostrar-nos quando olhar adiante e quando devemos lidar apenas com o dia de hoje, com o momento atual. Se pedirmos, o Senhor nos fará saber, por intermédio do Espírito Santo, quando pode ser conveniente aplicar em nossa vida o mandamento que Ele deu a Seus antigos apóstolos: “Portanto não vos preocupeis com o dia de amanhã, porque o dia de amanhã se preocupará com suas próprias coisas. Basta a cada dia o seu mal” (3 Néfi 13:34; ver também Mateus 6:34).
O “Pão Nosso de Cada Dia” de Deus É Necessário para Atingirmos Nosso Potencial
Sugeri que pedir e receber o pão de cada dia das mãos de Deus é uma parte vital do processo de aprender a confiar em Deus e de suportar os desafios da vida. Também precisamos de uma porção diária do pão divino para tornar-nos o que precisamos nos tornar. O processo de arrepender-nos, de melhorar e, por fim, de atingir “a medida da estatura completa de Cristo” (Efésios 4:13), como disse Paulo, é gradual. A incorporação de hábitos novos e saudáveis em nosso caráter ou a superação de maus hábitos ou vícios muito frequentemente significa um esforço diário seguido de outro no dia seguinte, e depois outro, talvez por muitos dias, ou até meses e anos, até que a vitória seja alcançada. Mas podemos fazê-lo, porque podemos recorrer a Deus para nosso pão de cada dia, para a ajuda necessária a cada dia.
Esta é a época das resoluções de Ano Novo, e gostaria de citar-lhes as palavras do Presidente N. Eldon Tanner, que foi conselheiro na Primeira Presidência: Ele disse: “Ao refletirmos sobre a importância da resolução de agir melhor, disciplinemo-nos de modo a selecionar cuidadosamente as nossas resoluções, a ponderar o propósito delas e, por fim, a assumir o compromisso de mantê-las e de não deixar que nenhum obstáculo nos impeça de fazê-lo. Lembremo-nos de que, no início de cada dia, podemos manter uma resolução por apenas um dia. Se fizermos isso, ficará cada vez mais fácil, até se tornar um hábito”.
Há pouco mais de um ano, o Élder David A. Bednar disse que a constância em práticas diárias simples, como a oração familiar, o estudo das escrituras e as noites familiares, é fundamental na edificação de uma família bem-sucedida. O esforço constante em passos aparentemente pequenos e diários é um princípio-chave na realização de qualquer grande obra, inclusive no progresso pelo caminho do discipulado. Como ilustração, o Élder Bednar comparou os atos diários a cada uma das pinceladas de um quadro, que somadas ao longo do tempo produzem uma obra de arte. Ele disse:
“Em meu escritório há uma bela pintura de um campo de trigo. A pintura é um imenso conjunto de pinceladas de tinta, nenhuma das quais, vista isoladamente, aparenta ser muito interessante ou impressionante. Na verdade, se olharmos a tela bem de perto, tudo o que veremos será um aglomerado de pinceladas de cor amarela, dourada e marrom, aparentemente sem relação entre si e sem beleza. No entanto, à medida que nos afastamos da tela, todas as pinceladas isoladas se combinam e produzem uma magnífica paisagem de um campo de trigo. (…)
(…) Assim como as pinceladas amarelas, douradas e marrons de tinta se complementam e produzem uma impressionante obra-prima, nossa constância em fazer coisas aparentemente pequenas pode levar a resultados espirituais significativos. ‘Portanto não vos canseis de fazer o bem, porque estais lançando o alicerce de uma grande obra. E de pequenas coisas provém aquilo que é grande’ (D&C 64:33)”.
O Presidente Ezra Taft Benson, falando de arrependimento, deu este conselho:
“Precisamos tomar cuidado, ao procurar tornar-nos cada vez mais [semelhantes a Cristo], para que não desanimemos e percamos a esperança. O processo de tornar-nos semelhantes a Cristo é uma jornada de toda uma vida, que geralmente envolve mudança e crescimento lentos, quase imperceptíveis. As escrituras registram relatos extraordinários de homens cuja vida mudou drasticamente, num instante, como aconteceu com Alma, o Filho; Paulo na estrada para Damasco; Enos orando até a noite e o rei Lamôni. Esses exemplos assombrosos da capacidade de mudar até os atolados no pecado dão-nos a confiança de que a Expiação pode alcançar até os que estão em desespero profundo.
Mas precisamos ser cautelosos ao falar desses exemplos extraordinários. Embora reais e muito vigorosos, eles são a exceção, mais do que a regra. Para cada Paulo, para cada Enos, para cada rei Lamôni, há centenas e milhares de pessoas para quem o processo de arrependimento é bem mais sutil e bem menos perceptível. Dia a dia eles se movem para mais perto do Senhor, sem quase se dar conta de que estão edificando uma vida semelhante à de Deus. Levam uma vida tranquila de bondade, serviço e comprometimento. (…)
Não podemos perder a esperança. A esperança é a âncora da alma dos homens. Satanás quer que joguemos fora essa âncora; desse modo, ele pode provocar desânimo e desistência. Mas não podemos perder as esperanças. O Senhor fica feliz com todo esforço, mesmo os menores e diários, com os quais nos esforçamos para sermos mais como Ele.”
Buscar a Ajuda do Senhor ao Servir o Próximo
Lembrem-se de que devemos não apenas pensar em nós mesmos quando buscamos uma porção diária do pão divino. Se quisermos tornar-nos como o Mestre, Aquele que veio não “para ser servido, mas para servir” (Marcos 10:45), buscaremos Sua ajuda para prestar serviço ao próximo, dia a dia.
O Presidente Thomas S. Monson vive esse princípio melhor do que qualquer pessoa que conheço. Há sempre presente em seu coração uma oração para que Deus lhe revele as necessidades e os meios para que ele auxilie as pessoas a seu redor, a qualquer dia ou a qualquer momento do dia. Um exemplo de sua época como bispo ilustra o fato de que, às vezes, até um pequeno esforço pode, com a atuação do Espírito, render frutos extraordinários. Vou citar um trecho da biografia do Presidente Monson escrita por Heidi Swinton, intitulada Ao Resgate:
“Um dos que o [Presidente Monson] ajudou foi Harold Gallacher. A mulher e os filhos eram ativos na Igreja, mas Harold não era. Sua filha Sharon havia pedido ao bispo Monson se ele poderia fazer ‘algo’ para trazer o pai de volta à atividade. Como bispo, ele sentiu-se inspirado a procurar Harold, certo dia. Era um dia quente de verão quando ele bateu à porta de tela da casa de Harold. O bispo viu Harold sentado em sua poltrona, fumando um cigarro e lendo o jornal. ‘Quem é?’ perguntou Harold, de mau humor, sem erguer os olhos.
‘Seu bispo’, respondeu Tom. ‘Vim para conhecê-lo e para pedir que frequente as reuniões com sua família.’
‘Não. Estou muito ocupado’, foi a resposta desdenhosa. Ele nem ergueu os olhos. Tom lhe agradeceu por ouvir e foi embora. A família se mudou sem que Harold fosse às reuniões.
Anos depois, um certo irmão Gallacher telefonou para o escritório do Élder Thomas S. Monson e pediu para marcar uma entrevista com ele.
‘Pergunte se o nome dele é Harold G. Gallacher’, disse o Élder Monson a sua secretária, ‘e se ele morou na rua Vissing Place, número 55, e tinha uma filha chamada Sharon’. Quando a secretária fez isso, Harold ficou surpreso de ver que o Élder Monson se lembrava de tantos detalhes. Quando se encontraram, mais tarde, eles se abraçaram. Harold disse: ‘Vim me desculpar por não ter me levantado da poltrona e deixado você entrar naquele dia quente de verão, há muitos anos’. O Élder Monson lhe perguntou se estava ativo na Igreja. Com um sorriso torto, Harold respondeu: ‘Sou o segundo conselheiro no bispado de minha ala. Seu convite para ir à Igreja e minha recusa me incomodaram tanto que tive de fazer algo a respeito’.”
As Escolhas Diárias Têm Consequências Eternas
A lembrança de nosso pão de cada dia nos mantém cientes dos detalhes de nossa vida, do significado das pequenas coisas que ocupam nossos dias. A experiência ensina que no casamento, por exemplo, uma série constante de simples atos de bondade, ajuda e atenção faz muito mais para manter o amor vivo e para nutrir o relacionamento do que um ocasional gesto grandioso e caro. Não estou dizendo, irmãos — vocês que são casados — que sua mulher não vai apreciar um vestido novo e realmente bom ou algum outro presente ocasional que expresse com um ponto de exclamação o que você sente por ela (dentro dos parâmetros, é claro, de seu orçamento apertado). Quero apenas dizer que uma expressão constante e diária de afeto, tanto em palavras quanto em ações, é bem mais significativa a longo prazo.
Da mesma forma, nas escolhas diárias podemos impedir que certas influências insidiosas entrem em nossa vida e se tornem parte do que somos. Em uma conversa informal que o Élder Neal A. Maxwell e eu tivemos há alguns anos com um líder do sacerdócio em uma conferência de estaca, observamos que uma pessoa pode evitar em grande parte a pornografia e as imagens pornográficas simplesmente fazendo boas escolhas. Na maioria das vezes, basta simplesmente exercer a autodisciplina de não ir aonde existe pornografia, tanto no mundo real quanto na Internet. Reconhecemos, porém, que por ser tão tragicamente difundida, a pornografia pode pegar de surpresa alguém que esteja cuidando de sua própria vida. “Sim”, observou o Élder Maxwell, “mas a pessoa pode rejeitá-la imediatamente. Não precisa convidá-la a entrar e oferecer-lhe uma cadeira para sentar-se”. O mesmo acontece com outros hábitos e influências — desleixo na aparência e na conduta, linguagem abusiva e profana, criticismo cruel, procrastinação e assim por diante — nossa atenção diária no sentido de evitar o princípio dessas coisas pode impedir que venhamos, num dia futuro, descobrir que por descuido nosso um mal ou fraqueza se enraizou em nossa alma.
Na verdade, não há muitas coisas que sejam totalmente sem importância em um dado dia. Até as coisas comuns e repetitivas podem ser tijolos minúsculos mas importantes que, com o tempo, edificarão a disciplina, o caráter e a ordem necessários para realizar nossos planos e sonhos. Portanto, ao orarem pelo seu pão de cada dia, pensem com cuidado em suas necessidades, tanto no que lhes falta quanto naquilo contra o qual precisam proteger-se. Ao se deitarem, pensem nas coisas positivas e negativas do dia e no que fará, um pouco melhor, no dia seguinte. E agradeçam ao Pai Celestial pelo maná que Ele colocou ao longo de seu caminho e que os sustentou durante o dia. Suas reflexões vão aumentar sua fé Nele, ao verem que a mão Dele os ajudou a suportar algumas coisas e a mudar outras. Vocês conseguirão regozijar-se em mais um dia, mais um passo rumo à vida eterna.
Jesus Cristo É o Pão da Vida
Acima de tudo, lembrem-se de que contamos com Aquele que o maná simbolizava, o próprio Pão da Vida, o Redentor.
“E Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida; aquele que vem a mim não terá fome, e quem crê em mim nunca terá sede. (…)
Na verdade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim tem a vida eterna.
Eu sou o pão da vida.
Vossos pais comeram o maná no deserto, e morreram.
Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra.
Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer deste pão, viverá para sempre; e o pão que eu der é a minha carne, que eu darei pela vida do mundo” (João 6:35, 47–51).
Presto-lhes meu testemunho da realidade viva do Pão da Vida, Jesus Cristo, e do poder e alcance infinitos de Sua Expiação. Em última análise, é a Sua Expiação, Sua graça, que é nosso pão de cada dia. Devemos buscá-Lo diariamente, fazer Sua vontade a cada dia, para tornar-nos um com Ele, como Ele é um com o Pai (ver João 17:20–23). Abençoo vocês para que ao buscarem isso Nele, seu Pai Celestial lhes conceda o pão de cada dia, em nome de Jesus Cristo. Amém.
Um comentário:
Eh acho que depois dessa matéria naum precisa de resposta!!
Um Abraço!!
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